“ÚRSULA”: POSSÍVEIS CONTRIBUTOS PARA O ENFRENTAMENTO DA VISÃO CONSOLIDADA DE "ESCRAVIDÃO BENIGNA" E DOS SEUS CONSECTÁRIOS PARA O BRASIL NO TEMPO PRESENTE

Autores/as

  • Isabelle Maria Campos Vasconcelos Chehab UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS (UFG)
  • Victor Hugo Agapito UFG (Universidade Federal de Goiás)

DOI:

https://doi.org/10.56256/themis.v17i2.733

Resumen

Úrsula, obra de autoria de Maria Firmina dos Reis, publicada na então província do Maranhão, em 1859, foi o primeiro romance abolicionista escrito por uma mulher nordestina negra no Brasil. Não apenas isso: foi, igualmente, a primeira obra brasileira responsável por garantir voz às vítimas da escravidão e às suas dores – individuais e coletivas. A despeito da sua relevância histórica e social, Úrsula permaneceu no ostracismo até 1962, quando foi redescoberta pelo bibliógrafo Horácio de Almeida. O artigo assume como objetivo central analisar, por intermédio de pesquisa bibliográfica e documental, os possíveis contributos de Úrsula para uma viragem epistemológica sobre a ideia da “escravidão benigna” e os seus consectários para o Brasil. Nesse sentido, o primeiro tópico apresenta um contexto conceitual e histórico da obra. Já o segundo, comenta sobre as inovações decorrentes de Úrsula, com destaque para o reconhecimento das vozes costumeiramente subalternizadas pelo sistema escravocrata, trazendo relevo às suas dores – individuais e coletivas, sobretudo, no que concerne às mulheres. Por derradeiro, o terceiro discute o possível contributo de Úrsula para uma nova perspectiva em torno da escravidão no Brasil, assim como sobre as vis permanências do nosso passado escravocrata no tempo presente.  

Biografía del autor/a

Isabelle Maria Campos Vasconcelos Chehab, UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS (UFG)

Pós-doutoranda e Professora permanente do Programa de Pós-Graduação em Direito Agrário da Universidade Federal de Goiás (PPGDA/UFG). Bolsista PNPD/CAPES. Doutora e Mestra em Direito Constitucional pela Universidade de Fortaleza (UNIFOR). Membro e Coordenadora do Núcleo de Pesquisa em Gênero da Comissão da Mulher Advogada da Ordem dos Advogados do Brasil – Seção Goiás (CMA/GO). Advogada. E-mail: ivchehab@gmail.com.

Victor Hugo Agapito, UFG (Universidade Federal de Goiás)

Mestrando em Direito Agrário da Universidade Federal de Goiás (PPGDA/UFG). Pós-graduando em Direito do Trabalho e Processual do Trabalho pelo Centro Universitário de Goiás - Uni Anhanguera Bacharel em Direito pelo Centro Universitário de Goiás Uni-Anhanguera. Advogado. E-mail: victorklavier@hotmail.com

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Publicado

2019-11-29

Número

Sección

ARTIGOS CIENTÍFICOS